Vox nostra resonat

A guitarra na Galiza

Uma querela historiográfica

Isabel Rei Samartim
jueves, 8 de diciembre de 2022
José María Varela Silvari © Dominio público / La Alhambra José María Varela Silvari © Dominio público / La Alhambra
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No artigo anterior sobre o guitarrista ferrolano Naya falamos sobre hipotéticos plágios e mencionamos uma querela historiográfica que decorria na segunda metade do século XIX nos jornais galegos. Neste artigo aprofundamos nesses dous temas que, como se verá, estão entrelaçados. Os protagonistas de hoje são três homens, grandes vultos da intelectualidade galega daquele tempo, Manuel Murguia, José Maria Varela Silvari e Ramon de Arana.

A Galeria de músicos galegos, isca da discórdia

A discussão estava garantida visto que estes três intelectuais da História galega marcavam conceitos diferentes da musicologia galega. Mas foi com a publicação em 1874 da Galeria biográfica de músicos gallegos, da autoria do compositor e historiógrafo José Maria Varela Silvari, que a isca explodiu em vários artigos de Manuel Murguia, Ramon de Arana e o próprio Varela Silvari que, se bem surgiram da crítica tão desapiedada quanto desnecessária, nos deixaram dados interessantes sobre vários músicos galegos, entre eles, alguns guitarristas. 

Primeiro de tudo, é devido lembrar que no mesmo ano de 1874 o eminente pianista e intelectual galego, Teodósio Vesteiro Torres, iniciava a publicação em Madrid da sua Galeria de Gallegos Ilustres, em seis tomos, que tratava dos poetas da Idade Média, guerreiros, marinheiros, príncipes, diplomatas e artistas (das artes plásticas). O sexto volume era um apêndice dedicado a personagens diversas como Prisciliano, e a mulheres como Maria Castanha, Inês de Castro, Joana de Castro, ou Josefa Zúñiga de Castro, Condessa de Lemos. Talvez sabendo desta ambiciosa obra de Vesteiro Torres, Varela Silvari lançava a sua Galeria de Músicos Gallegos (note-se o título semelhante) para completar as informações com dados sobre músicos desde a Idade Média.

Fragmento do artigo de Manuel Murguia. Fonte: Galiciana. © 2022 by Isabel Rei Samartim.Fragmento do artigo de Manuel Murguia. Fonte: Galiciana. © 2022 by Isabel Rei Samartim.

Depois, em 1878 Murguia publica uma dura crítica da Galeria de Silvari, que fora advertida e comentada pelo musicólogo Xoan M, Carreira (1989). A conclusão de Murguia é que apesar da boa intenção de Silvari em dar a conhecer músicos galegos habitualmente silenciados na historiografia espanhola, o autor não consegue o seu objetivo porque faltam referências e provas das afirmações presentes no texto. Murguia coloca as suas leitoras na tessitura de que Silvari inventa dados e conclusões, nomes e biografias inteiras, pois não consegue dar provas da sua realidade.

Para esta autora a acusação de invenção é mais grave do que a de plágio. Um plágio é vergonhoso e retira ao seu autor qualquer mérito de autoria. Mas é só um roubo, a cópia perfeitamente reconhecível dum texto criado por outra pessoa. Porém, a acusação de invento nos estudos de História é tão grave que desacredita completamente não a autoria, mas a pretensão científica ou metódica, ou seja, a dignidade dum autor ou autora. 

Provas, referências e o discurso historiográfico

Naturalmente, as referências a documentos nos textos académicos eram imprescindíveis antes e agora, mas a passagem do tempo também nos ensina que sempre as críticas devem fazer-se desde o carinho e o respeito, posto que o excesso de dureza pode voltar-se contra o emissor e evidenciar que em questões de História ninguém tem a verdade absoluta sobre nenhuma cousa. 

Vejamos algum exemplo disto. Entre as descarnadas críticas, Murguia assegurava que o documento mais antigo a informar sobre a atividade musical na Igreja galega era do século XIV e, portanto, não era possível o que dizia Silvari sobre o desenvolvimento de atividade músico-docente, no século XIII, na cidade de Betanços.

Em 1892, Martinez Santiso (p. 245) publicava a sua Historia de la ciudad de Betanzos, texto em que o autor dá notícia da construção dum convento franciscano no século XIV, onde a comunidade formada por até oitenta religiosos ensinava Gramática, Filosofia, Teologia e Música. É possível que Murguia e Martinez Santiso tivessem conversado uma década antes da publicação da História de Betanços, e que houvesse entre eles a ideia de não haver mais dados anteriores ao século XIV.

Porém, há algo desconcertante nessa hipótese. A descoberta e análise do Códice Calixtino, achado na Catedral de Compostela, estava sendo realizada na época. Murguia parece ignorar a existência deste documento musical do século XII, que sim conhecia o seu colaborador Casto Sampedro (1848-1937) e também o seu colega Antonio Lopez Ferreiro (1837-1910). Se bem o cancioneiro de Sampedro não se publicou até 1942, as informações sobre o códice foram reunidas por Sampedro em vida do próprio Murguia. E Lopez Ferreiro realizava a reconstrução da portada da Ourivesaria (ou Pratarias), na catedral compostelana, com base na descrição que figura no Códice.

Não tinham comentado entre eles nada disto? Ao saberem da música do século XII, que indicava um alto nível de desenvolvimento musical na catedral compostelana, não resultaria impossível supor que nas instituições eclesiásticas betanceiras pudesse haver, um século mais tarde, algum tipo de coro ou escola onde fosse normal e até necessário dar aulas de música.

Possibilidade da escola medieval de música de Betanços 

Lembremos que a Música era uma das Sete Artes Liberais, criadas no século VI e sistematizadas para ser ensinadas nos ambientes monásticos e académicos durante muitos séculos (Mongelli, 1999). E o que dizer dos salmos, sempre presentes nos ofícios eclesiásticos, em que a palavra salmo, cuja etimologia vem do latim psalmus, que vem do grego psalmós, significa em hebraico (ψάλλειν, psallein) “tocar as cordas dum instrumento musical”. Quer dizer, a música está nos ritos cristãos desde o seu início.

Nesse sentido, devemos hoje ter em conta os indícios de haver em Betanços uma igreja no mesmo século XII (Erias, 2014, p. 12), que torna bem possível a ideia de haver na cidade, no século a seguir, algum tipo de ensino musical associado ao culto religioso:

Se sabe que antes del privilegio de 13-02-1219 por el que Alfonso IX permitió el traslado de la población de Betanzos (hoy Betanzos o Vello en la parroquia de Tiobre) al castro de Untia, aquí había la llamada Vila de Untia (que pasaría a denominarse Vila Nova de Betanzos). Y es lógico pensar que en ella hubiese al menos una iglesia románica, probablemente del s. XII, como tantas otras, que tendría ya, quizás, la advocación de Santiago.

O artigo de Ramon de Arana

Retrato de Ramon de Arana. © Dominio público.Retrato de Ramon de Arana. © Dominio público.

Algo semelhante aconteceu com o artigo que, três anos depois de Murguia, em 1881 publicava Ramon de Arana a respeito de diversos músicos ferrolanos. O artigo tomava informações de Murguia, as quais não eram questionadas, e de Varela Silvari, autor que acabava sendo desautorizado. 

Arana afirmava não poder crer uma informação de Silvari sobre o guitarrista Vicente Franco, segundo a qual o guitarrista teria realizado arranjos das obras do pianista austríaco Sigismond Thalberg (1812-1871). Não imaginamos os motivos de Arana para não acreditar que o guitarrista ferrolano Vicente Franco tivesse realizado os seus próprios arranjos das peças de Thalberg, pois esta era uma prática habitual no mundo da guitarra. 

Fragmento do artigo de Ramon de Arana. Fonte: Galiciana. © 2022 by Isabel Rei Samartim.Fragmento do artigo de Ramon de Arana. Fonte: Galiciana. © 2022 by Isabel Rei Samartim.

Uma boa parte dos guitarristas dessa altura já tinham realizado e tocavam obras de Thalberg, como Giulio Regondi (1840), Adolf Steinfels (1846), Julián Arcas (1867) ou Francisco Tárrega (publicado por Alier, ca. 1923). A música do pianista genebrino era conhecida em toda a Europa e durante o século XIX foi tradição realizar arranjos para guitarra de obras famosas para o grande público, como eram as óperas e os balés. Nos fundos galegos para guitarra há numerosos exemplos de arranjos para guitarra de todo o tipo de música originalmente composta para outros instrumentos. 

A tournée mundial de Sigismund Thalberg

Francesco Esposito (2018) estudou a conhecida tournée de Sigismund Thalberg pela Europa e a península ibérica entre os anos de 1846 a 1848. O pianista chegaria até ao Brasil em 1855 e tornaria a Lisboa em 1856. Em janeiro de 1848 achava-se em Barcelona e Madrid, onde tocou no Gran Teatre del Liceu catalão e no Palácio Real castelhano com pianos Érard de sete oitavas, e cujos concertos foram amplamente seguidos pela imprensa da época. 

As suas atuações impactaram no entorno musical ibérico em que os guitarristas estavam mergulhados. Grandes pianistas galegos como Manuel Marti compuseram obras inspiradas nas de Thalberg, como aconteceu com a Escuela Recreativa de los Pianistas (Carreira, 1999; Amoedo, 2019). Por cima, as datas da visita de Thalberg coincidem com as de Vicente Franco antes da sua ida para Cuba, que foi em torno do ano 1858, segundo Pedrell. Tendo em conta isto tudo, o estranho seria crer que o virtuoso Franco fora alheio a este acontecimento e que não poderia ter arranjado uma obra de Thalberg para guitarra.

Um subscritor

Fragmento da resposta de Varela Silvari. Fonte: Galiciana. © 2022 by Isabel Rei Samartim.Fragmento da resposta de Varela Silvari. Fonte: Galiciana. © 2022 by Isabel Rei Samartim.

A estes dous artigos de Arana e Murguia teria respondido, sob pseudónimo, um logicamente incomodado Varela Silvari em 1882. Assinando como “Un suscritor”, Silvari acrescentaria mais informações sobre alguns músicos galegos, sempre segundo as suas fontes pessoais. 

Em qualquer caso, e sem esquecer o insatisfatório que pode resultar o exercício extremo da crítica, este cruzamento de sabres historiográficos teriam felizmente deixado uma quantidade não pequena de dados sobre alguns guitarristas galegos do século XIX. Lembremos uma pergunta central da Galeria silvariana, início das disputas: "Por qué no se citan en los Diccionarios biográficos musicales los artistas nacidos en Galicia?" (Silvari, 1874, p. 66). 

Final da resposta de Varela Silvari. Fonte: Galiciana. © 2022 by Isabel Rei Samartim.Final da resposta de Varela Silvari. Fonte: Galiciana. © 2022 by Isabel Rei Samartim.

A reivindicação de Varela Silvari era absolutamente legítima e merecedora de críticas cordiais. A sua Galeria recuperou para a posteridade os guitarristas galegos Rodrigo Osório e o Padre Feijó. Também Vicente Franco, guitarrista do Ferrol, e Francisco González, construtor de Córgomo. Além disso, por Murguia soubemos de Naya. Depois, Arana, citando Silvari e Saldoni, completou as informações de Naya, Vicente Franco, Manuel Lenzano, Abad e Chané. E, finalmente, Varela Silvari contestou dando novas informações sobre Naya e Manuel do Vilar, Lenzano, José Maria Canals e João Solhoso.

Plágios ou envio de material?

Varela Silvari enviou informações ao importante musicólogo catalão Felip Pedrell, visto o que diz na Galeria (1874, p. 11): 

escribimos a un literato musical de Cataluña, para que, aprovechando nuestras noticias biográficas, les hiciese lugar en su importantísima publicación histórico musical.

Pedrell toma as informações para o seu Diccionario biográfico y bibliográfico de músicos y escritores de música españoles, portugueses é hispano-americanos antiguos y modernos, em três tomos, publicado em 1897. Lembremos que Soriano Fuertes fizera o mesmo com o texto de Ponzoa Cebrian. Sobre Soriano, recomendamos ver o trabalho de Boïls (2013). Mas, voltando a Pedrell, ele acrescenta uma crítica fortíssima a Silvari, veja-se como exemplo o verbete "Bolaño (Manuel)", no tomo 1, p. 204 do seu Dicionário. 

Baltasar Saldoni, que tinha publicado o Diccionario biográfico bibliográfico de efemérides de músicos españoles em quatro tomos mais de uma década antes do que Pedrell, era mais discreto e bom colega, como seria de esperar em pessoas cujo objetivo comum de trabalho era o aprofundamento na cultura musical. Silvari deixou escrito (1874, p. 10):

y sabiendo que nuestro particular amigo el Sr. D. Baltasar Saldoni, maestro de canto del Real Conservatorio de Madrid, trabajaba hacía algún tiempo para dar a luz una obra biográfica, puramente nacional, le escribimos mandándole todos nuestros apuntes sobre los músicos gallegos, á fin de que figurasen convenientemente en la historia musical, y representasen nuestro olvidado país. Con satisfacción recibió aquel señor los apuntes en cuestión, ofreciendo publicarlos en su escelente obra; y, en virtud de su agradecimiento, nos escribió dándonos las gracias en su nombre y en el de todos los amantes del arte músico español.

Para rematar a cousa, no século XX Filgueira Valverde (Sampedro, 1942) se uniria aos detratores de Varela Silvari no caso do Hino do Batalhão Literário de Compostela e a sua hipotética relação com o Hino de Riego (Rei-Samartim, 2020, p. 291). Agora entendemos melhor o contexto histórico anti-silvariano em que Filgueira realizava aquela também dura crítica. 

Na honra de Varela Silvari

Felizmente, Varela Silvari não teve somente detratores. O abridor de caminhos na musicologia galega, Xoan M. Carreira, publicava em 1986, na secção Músicos de Galiza do jornal A Nosa Terra, uma nota biográfica sobre Silvari. Já antes, em 1981 teria publicado um artigo em defesa do compositor, junto com Jacinto Torres Mulas, que publicaria outro artigo com o mesmo motivo em 1982, perante a perspetiva de perder a corunhesa Rua de Varela Silvari, que finalmente continua a existir. Depois a historiadora Áurea Rey Majado, no seu trabalho sobre o orfeão El Eco (2000), dedica mais de quinze páginas à biografia deste compositor corunhês, destacando a sua virtude musical e condição viageira, que o levou a visitar diferentes países, ser prestigiado em todos eles, servir em cargos importantes de diversas instituições musicais e entesourar uma enorme cultura, além de deixar para a música galega um bom número de obras musicais de enorme qualidade.

Já no século XXI, em 12 de maio de 2015, o Conservatório Profissional de Santiago de Compostela, através da Equipa de Dinamização da Língua Galega, dedicava uma homenagem a José Maria Varela Silvari em que foram interpretadas várias das suas obras para violino, piano e quinteto de câmara, sendo o recital acompanhado dum resumo das pesquisas biográficas e musicológicas realizadas pelo alunado da matéria de Fundamentos de Composição, ministrada pelo professor Miguel Ángel López Farinha. 

E temos recente conhecimento de que uma tese de doutoramento sobre Varela Silvari está a ser elaborada nestes momentos. Um trabalho que revelará a talha humana e o nível artístico deste ilustre corunhês, compositor, investigador, pianista, professor, regente de orquestras e coros, intelectual, intérprete e dinamizador da música galega nascido em 1848.

Em resumo, a Galeria biográfica de José Maria Varela Silvari provocou um furioso debate público que derivou em inimizades vitais, mas ao mesmo tempo impulsou o avanço dos estudos musicológicos galegos deixando, tanto nos livros quanto na imprensa, informações relevantes sobre intérpretes dos primeiros anos do século XIX, servindo como memória cultural e semente dos atuais estudos sobre a guitarra na Galiza.

Referências bibliográficas

  1. Amoedo Portela, Alejo. (2019). Pianista e compositor. Memoria de Manuel Martí. Faro de Vigo, 7 de fevereiro.
  2. Arana Perez, Ramon. (1881). Músicos gallegos. Apuntes biográfico-bibliográficos, II. El Correo Gallego. Ferrol: 25 de dezembro, p. 3.
  3. Boïls, Joan (2013). Cuatro palabras para un libro. Cuadernos de Bellas Artes. Colección Música. Tenerife: Sociedad Latina de Comunicación Social.
  4. Carreira Antelo, Xoan M. (1981). Lembranza de Varela Silvari. La Voz de Galicia10 de dezembro, p. 28.
  5. Carreira Antelo, Xoan M. (1986). Xosé Maria Varela Silvari. A Nosa Terra, 16 de janeiro, p. 19.
  6. Carreira Antelo, Xoan M. (1989). Noticias de profesores músicos de Betanzos. Anuario Brigantino, 12, pp. 221-226.
  7. Carreira Antelo, Xoan M. (1999). Marti, Manuel. Casares, Emilio. (Dir.). Diccionario de la música española e hispanoamericana, 7. Madrid: SGAE.
  8. Erias Martínez, Alfredo. (2014). Iconografía de las tres iglesias góticas de Betanzos. Betanços: Briga Edicións.
  9. Esposito, Francesco. (2018). En dirección a la América del Sur: los pasos ibéricos de Sigismund Thalberg y la modernización de la actividad concertística del siglo XIX. Marín, J. (Ed.). Músicas coloniales a debate. Procesos de intercambio euroamericanos (pp. 401-409). Madrid: Ediciones del ICCMU.
  10. Martinez Santiso, Manuel. (1892?). Historia de la ciudad de Betanzos. Betanços: Sucessores de Castinheira. 
  11. Mongelli, Lênia Márcia. (Coord.). (1999). Trivium & Quadrivium, as artes liberais na Idade Media. Cotia (São Paulo): Ibis.
  12. Murguia, Manuel Martinez. (1878). Crítica Literaria. La Ilustración de Galicia y Asturias. Madrid: 1 de setembro, p. 5-12. 
  13.  Pedrell Sabaté, Felip. (1897). Diccionario biográfico y bibliográfico de músicos y escritores de música españoles, portugueses é hispano-americanos antiguos y modernos, 3 v. Barcelona: Victor Berdós y Feliú.
  14. Rei-Samartim, Isabel. (2015). Letras Galegas 2015: José Maria Varela Silvari. Portal Galego da Língua (9 de maio).
  15. Rei-Samartim, Isabel. (2020). A guitarra na Galiza. Tese de doutoramento. Universidade de Santiago de Compostela. 
  16. Rey Majado, Áurea. (2000). El primer orfeón coruñés (1878-1882). Corunha: Concelho da Corunha.
  17. Sampedro Folgar, Casto. (1942). Cancionero Musical de Galicia. Madrid: Deputações das quatro províncias do Antigo Reino da Galiza. Prólogo de José Filgueira Valverde.
  18. Torres Mulas, Jacinto. (1982). Carta protesta. Cambio de nombre. La Voz de Galicia, 4 de fevereiro, p. 28.
  19.  Varela Silvari, José Maria. (1874). Galería biográfica de músicos gallegos. Corunha: Vicente Abad. 
  20. Varela Silvari, José Maria. (1882). Músicos gallegos. El Correo Gallego. Ferrol: 26 de fevereiro, p. 3.
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